Jofran P. Oliveira

psicólogo/psicoterapeuta – crp 06/125148

A MORAL E A RELIGIÃO [Papo de consultório]

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Tenho a opinião de que o mais adequado seria que as pessoas pudessem desenvolver um senso moral próprio, baseado nas mais nobres práticas da vida em sociedade, tais como tolerância, respeito às diferenças de gênero, raça, credo religioso, preferencias ideológicas, politicas, de alimentação, sexo e tudo o mais que nos torna únicos e deixassem para a religiosidade apenas a questão espiritual.O estudo do desenvolvimento humano já mostrou que não nascemos nem bons nem maus. Nosso caráter é moldado por caracteres genéticos, pela interação social e por características psicológicas adquiridas durante a primeira infância no contato com nossos cuidadores. Por isso dizemos que o ser humano é “biopsicossocial”.
A consciência moral, parte intrínseca do nosso desenvolvimento, começa a se formar por volta de quatro anos de idade até por volta de sete. Nesse período, tudo a nossa volta gira em torno do bem e do mau. O mocinho é bom, e o vilão é mau. O mundo é binário.
A partir dos oito anos começamos a perceber algumas nuances nessa história, nos deparamos com dilemas existenciais. Por exemplo: se um animal mata outro para se alimentar já podemos perceber que isso não é nem bom nem ruim, é parte da natureza, a luta pela sobrevivência – o predador caça para se alimentar e para alimentar sua prole.
Na idade adulta então, as coisas se complicam mais ainda – temos escolhas difíceis o tempo todo. O gerente que precisa demitir um funcionário, o pai ou mãe que tem que aplicar um castigo aos filhos, o professor que precisa avaliar objetivamente seus alunos. O funcionário público que pode ou não aceitar propina para facilitar a vida de um empresário que pode, por sua vez, escolher oferecer ou não a propina e assim por diante.
E temos ainda a questão religiosa. Há pessoas que infelizmente não chegam a desenvolver uma consciência moral genuína. Apegam-se a dogmas que passam a nortear sua vida, o que a igreja (ou o ministro religioso) nos diz que é bom será sempre o certo e, via de regra, quem não concorda com esses ensinamentos, mau. Costuma-se dizer que essa pessoa “não aceitou Deus em sua vida”.

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