Jofran P. Oliveira

psicólogo/psicoterapeuta – crp 06/125148

Pensata: Vida e carreira ou “porque amo muito tudo isso! ”

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Além de formação em TI e administração (hoje se chama MBA), tenho formação em psicanálise e psicologia. Continuo trabalhando em TI e em paralelo praticando a misteriosa arte da psicoterapia em consultório privado.

Chego aos 52 com três filhos, um neto e uma vida familiar digna de um comercial de margarina (no campo afetivo, para o glamour a grana não chega…) – sim, isso é possível! Também como profissional de TI com larga experiência, mas experiência mesmo: desde técnico de campo do finado Banespa onde fazia cabeamento de rede e detectava problemas estranhos como quedas na rede – as vezes, a faxineira ligava o aspirador de pó na estabilizada. Ai já viu né… Caos total, agencia não abre, gerente furioso, suporte sendo xingado até a última geração. Passei por programação, análise e gestão. Banespa, Santander, Brasilprev, Unilever, Getronics, Stefanini, Spread, Sênior e atualmente BNP Paribás. Projetos minúsculos que davam sono e projetos gigantescos em que a adrenalina ia a mil. Tive contato com gestores brilhantes e gerentinhos medíocres. E, sinceramente, ainda me sinto muito produtivo. No popular, “ainda tenho muita lenha pra queimar”.

Se para o bem ou para o mal, as coisas não acontecem exatamente como queremos: mercado, crise, capitalismo selvagem, golpes de estado e por aí vai. Lembro muito bem que meu salário vinha crescendo ano a ano até 2008/2009, estagnando daí em diante e finalmente, recebi uma proposta indecente em 2013, quando fui convidado a assinar um contrato reduzindo meu salário em quase 40%. Isso mesmo: QUARENTA PORCENTO!

A saída para mim foi óbvia: hora de arrumar as malas e seguir em frente. Fui ao encontro do monstro aterrorizante chamado “mercado”. Não foi uma decisão tomada intempestivamente. Tenho boa saúde financeira. Fui em frente! Como se diz “engatei a primeira marcha e não olhei pra trás”.

Felizmente, além de TI e administração, meus interesses sempre ficaram entre filosofia, sociologia, política, economia, e humanidades em geral. Por que o espanto? Economia é sim um campo das ciências humanas! Espero que os economistas de plantão me perdoem a heresia. Tanto é que atualmente temos disciplinas como Psicologia Econômica e Economia Comportamental. O fato é que resolvi voltar a estudar (a tal história do plano “B”). Primeiro psicanálise e depois disso, faculdade de psicologia – psicólogo devidamente inscrito no CRP! Sou um sujeito realizado, profissionalmente, afetivamente na medida em que confio plenamente na minha família e em nossa capacidade de superar problemas. Resumidamente, sou um homem feliz.

O caminho não é simples. Não sei quantas vezes pensei em largar tudo, me separar, desaparecer, chegar na empresa e jogar o monitor no chão, mandar o chefe catar coquinho e outras infâmias impublicáveis. No balanço, muito mais frustração do que prazer. Muito mais decepção do que motivação.

Curiosamente vejo menos gestores competentes e mais “entendidos em tudo” publicando textos e mais textos chatos sobre quase tudo: ética, política, econômica, comportamento, psicologia, sexo, relacionamentos e a maioria deles começam com armadilhas como “você precisa…”, “o que fazer em caso de…”, “você sabia que…”, “mude sua vida…” e os piores são “como ficar milionário em dois meses…”, “fórmula da multiplicação da riqueza do fulano de tal…”. Vendem-nos a ideia de que “felicidade” é alguma coisa simples. Via de regra, esses ensinamentos mais parecem um “pequeno manual de como se tornar um egoísta arrogante profissional”. E antes de dizer que não se deve acreditar nessas coisas o que recomendo é ler com espírito crítico. Será que as coisas acontecem tão facilmente assim? Garanto que não. Autoconhecimento, maturidade, felicidade são conquistas árduas.

Algo que aprendi com a vida, e a psicanálise/psicologia me ajudaram a estruturar esse aprendizado é que não existem soluções mágicas. Cada pessoa, cada ser humano possui suas próprias dores, suas próprias cicatrizes abertas e deve buscar sua cura.

Monstros que nos assombram, todos temos e à medida que os conhecemos mais intimamente, acabam se tornando gatinhos manhosos, deixam de nos aterrorizar.

Cicatrizes depois de curadas deixam marcas, marcas que nos lembram e nos fazem caminhar, olhar em frente.

Não tenho a pretensão de ensinar nada a ninguém e muito menos que meu pensamento siga de guia para alguém. Trata-se apenas de uma reflexão que resolvi publicar depois que já ter dado mais de 400 consultas psicológicas e percebido como temas relacionados a vida, carreira, dinheiro, meritocracia trazem sofrimento significativo para a maioria das pessoas.

E por falar em meritocracia, que é um conceito muito bonito e, acredito que funciona sim em alguns contextos.

Por outro lado, peço aos leitores que reflitam sobre: há um grupo de pessoas, seres humanos que estão totalmente excluídos da vida em sociedade, no aspecto econômico, educacional, saúde. São invisíveis à sociedade. Para essas pessoas, meritocracia não existe – não tem acesso a nada. Então, vamos ser um pouco mais humanos e relativizar determinadas ideias, ou melhor, ideologias nocivas ao convívio social.

Um grande abraço!

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